ópera rock: hair

id="BLOGGER_PHOTO_ID_5727408575830713218" />Em 1967, Gerome Ragni, ator e dramaturgo estadunidense, em parceria com James Rado, ator e escritor, escreveram os textos e letras das músicas, enquanto Galt MacDermot musicou ‘Hair’ que capturou o espírito rebelde dos anos 60. ‘Hair’ é um musical sobre os hippies, de sua cultura, música, paz e amor. Ficou famosa por suas músicas e quebrou a tradição teatral por suas cenas de nudez com um elenco despojado que cantou a sodomia. No Teatro Biltmore, na Broadway, foi à cena por quase 2.000 vezes. ‘Hair’ provocou controvérsia desde sua primeira apresentação. Mas em Nova York e em outros grandes centros, o descontentamento ficou circunscrito a críticas desfavoráveis dos conservadores. No entanto, quando a peça saiu em excursão pelos Estados Unidos, seus produtores sofreram ações legais por práticas obscenas e desrespeito à bandeira americana, discussão que chegou à Suprema Corte. Seguiram-se outras montagens em Los Angeles, Sydney e Londres onde também teve problemas com a censura. No Brasil o filme foi censurado na época de seu lançamento, vivíamos a ditadura dos moralistas, mas assassinos generais. Foi exibido nos cinemas no início da década de 1980. No México, depois da primeira apresentação, a peça foi proibida pelo governo e os atores, ameaçados de prisão, tiveram que deixar apressadamente o país. Outras montagens se seguiram através do mundo. Apesar do choque, ‘Hair’ foi aclamada e logo os jovens que protestavam em todos os lugares contra a guerra estavam cantando ‘Let the Sunshine In’. No entanto, como muitas criações, em um intervalo de tempo, o show se tornou velho demais para os anos 70. Assim, em 1979, o produtor de cinema Lester Persky apostou que ‘Hair’ estava maduro para a redescoberta. A versão cinematográfica foi escrita por Michael Weller, e um bando de novatos talentosos foi dirigido pelo emigrante tcheco Milos Forman, acompanhados por uma exuberante sequência musical.

id="BLOGGER_PHOTO_ID_5534370518640870882" />O enredo da peça teatral difere do enredo da versão cinematográfica. O musical segue a trajetória do recém-chegado do interior, Claude Bukowski (John Savage) à Nova Iorque onde pretende se alistar para a guerra do Vietnã. Ao chegar, ele conhece um grupo de hippies no Central Park chamado ‘A Tribo’, da Era de Aquário e politicamente ativos, em sua luta contra o recrutamento militar. Claude se apaixona pela bela Sheila (Beverly DAngelo) e fica amigo de Berger (Treat Williams) o líder pacifista dos hippies. Eles e os outros membros do grupo sintetizam o pensamento e a prática dos hippies nos anos 60. No final, a maior diferença entre os enredos da peça e do filme: Claude chega à conclusão que a vida no grupo não é o que ele realmente deseja e vai para o Vietnã. No filme, Berger toma seu lugar e morre na guerra. O musical encerra sem que o público fique sabendo o destino de Claude na guerra. Sobre a adptação cinematográfica de ‘Hair’ as opiniões se dividem. Para uns tantos, foi um desastre concebido pelo roteirista Michael Weller, e por um diretor expatriado que não tinha a menor familiaridade com os hippies, os anos 60, a América, ou mesmo com a Broadway. Com um roteiro artificial, a versão de Hollywood com as jovens estrelas Treat Williams, John Savage e Beverly D'Angelo é um caso exemplar de como não fazer uma adptação. Pelo menos pode-se dizer que, ao contrário de alguns dos filmes musicais desastrosos de 1930 e 40, a música sempre foi eclética, um tanto satíricas, assim como líricas, e foi capaz de resistir à mediocridade. Mesmo assim é mais aceitável em disco do que no filme. O álbum com as canções da peça foi agraciado com o Grammy de 1969.

id="BLOGGER_PHOTO_ID_5534370788862950818" />Para outros, o filme enquanto uma decepção nas bilheterias, é notável por vários motivos, entre eles é uma adaptação surpreendentemente boa, sem enredo discernível no palco o diretor Milos Forman criou uma história coerente com um impacto emocional considerável. O talentoso elenco foi de enorme ajuda, especialmente os três principais atores, mas quem fez o filme ser deslumbrante foi a lendária coreógrafa Twyla Tharp que planejou as danças. As músicas são encenadas com uma rara combinação de confiança e vitalidade que marcam os melhores momentos em filmes musicais. Os escritores James Rado e Gerome Ragni ficaram descontentes com o filme. Na opinião dos dois, Milos Forman não conseguiu captar a essência de ‘Hair’ e os hippies foram retratados como excêntricos e algum tipo de aberração, sem qualquer conexão com o movimento pela paz. Em 2005, nova montagem de ‘Hair’ foi encenada em Londres, com a ação ambientada não mais na Guerra do Vietnã, mas na Guerra do Golfo de 2003. James Rado concordou inicialmente com a montagem, mas o espetáculo mereceu críticas de atores que trabalharam na versão original.

E eu, que nunca gostei de filmes musicais assisti a notável ópera rock ‘Tommy’ de 1969, composta pelo guitarrista Pete Townshend do ‘The Who’, e baseada no álbum de mesmo nome e o primeiro álbum da banda explicitamente chamado de ópera rock; e os musicais rock ‘Jesus Christ Superstar’ de 1970 e ‘Hair’ de 1979. Em uma distinção despretensiosa a ópera rock conta uma história coerente enquanto o álbum conceitual mantém o tema até o fim e o musical rock é apresentado como sendo uma produção teatral em vez de um álbum, não tendo sequer referência a qualquer banda. Dito isto, ‘Hair’ com performances muito fortes do elenco é o mais lembrado devido às grandes canções memoráveis que mesclam uma diversidade de sons e ritmos, música negra com mantras orientais, a influência indígena e mexicana. As letras são cheias de significados e falam exatamente daquilo que se estava vivendo: a descoberta do LSD, os horrores da segregação racial e sexual, a guerra do Vietnã sendo televisionada e as canções se transformaram em hinos, em uma causa.

Na verdade, ‘Hair’ é uma peça universal e não fala de uma guerra específica e sim do horror da guerra. De qualquer guerra, até da urbana em que vivemos atualmente, com a segregação racial que ainda existe, com a misoginia, a falta de tolerância com opções sexuais. Para os que viveram a época retratada, assistir novamente ‘Hair’ é uma viagem nostálgica que restaura sensações perdidas ou esquecidas ao longo do tempo. Não há como negar o poder das músicas que fazem de ‘Hair’ uma obra prima, canções brilhantes que ficaram embutidas no cérebro. E a épica ‘Aquarius’ é suficiente para nos levar aos dias passados onde havia a magia das ideologias. Hoje, não são mais feitas passeatas como os estudantes e hippies faziam em 1967. Por isso é fundamental ouvir o grito de ‘Hair’ de tantos anos atrás.

id="BLOGGER_PHOTO_ID_5534345576539974738" />id="BLOGGER_PHOTO_ID_5534345413628566082" />id="BLOGGER_PHOTO_ID_5534345307740484754" />id="BLOGGER_PHOTO_ID_5534345212980315474" />id="BLOGGER_PHOTO_ID_5534345046467525122" />

ren woods - aquarius


‘Aquarius’, por vezes referida como ‘The Age of Aquarius’ ou ‘Let the Sunshine In’ interpretada por Ren Woods foi uma das canções mais populares de 1969, em todo o mundo, e nos Estados Unidos. A letra escrita por James Rado, Gerome Ragni e Galt MacDermot foi baseada na crença astrológica de que o mundo entraria em breve na Era de Aquário, uma era de amor e luz para a humanidade, ao contrário da então Era de Peixes. Essa mudança foi presumida a ocorrer no final do século 20, no entanto, os astrólogos diferem de quando será.

‘Three-Five-Zero-Zero’ é uma canção anti-guerra, constituida de uma montagem de palavras e frases semelhantes às do poema ‘Wichita Vortex Sutra’ de Allen Ginsberg, de 1966. Irwin Allen Ginsberg foi um poeta norte-americano que se opunha vigorosamente contra o militarismo, o materialismo e a repressão sexual. Em 1950, Ginsberg foi uma das principais figuras da Geração Beat, um grupo anárquico de homens e mulheres que com paixão defendeu as liberdades pessoais, um termo usado para descrever o grupo de artistas norte-americanos, principalmente escritores e poetas, que vieram a se tornar conhecidos no final da década de 50 quanto ao fenômeno cultural que eles inspiraram, posteriormente chamados ou confundidos aos beatniks, nome este de origem controversa, considerado por muitos um termo pejorativo. Estes artistas levavam vida nômade ou fundavam comunidades. Foram, desta forma, o embrião do movimento hippie. O poema ‘Howl’, de Allen Ginsberg, no qual ele comemora o seu companheiro, é um dos poemas clássicos da Geração Beat. Na música, as frases são combinadas para criar imagens da violência no combate militar e aspectos da Guerra do Vietnã.

A canção ‘What A Piece Of Work Is Man’ se refere à frase ‘What a piece of work is a man!’ contida em 'Hamlet' de Shakespeare.

id="BLOGGER_PHOTO_ID_5534340602810339938" />

Hair: Original Soundtrack Recording (1979)
CD 1    CD 2

Tracklist
01. Aquarius 02. Sodomy 03. Donna/Hashish 04. Colored Spade 05. Manchester, England 06. I'm Black / Ain't Got No 07. Party Music 08. My Conviction 09. I Got Life 10. Hair 11. L.B.J. (Initials) 12. Electric Blues/Old Fashioned Melody 13. Hare Krishna 14. Where Do I Go? 15. Black Boys 16. White Boys 17. Walking In Space 18. Easy To Be Hard 19. 3-5-0-0 20. Good Morning Starshine 21. What A Piece Of Work Is Man 22. Somebody To Love 23. Don't Put It Down 24. The Flesh Failures/Let The Sunshine In

publicado por mara* às 22:31 | link do post | comentar | ver comentários (4)