ABC of the blues 32: memphis slim & tommy mcclennan

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memphis slimJohn Len Chatman (1915-1988), mais conhecido como Memphis Slim, seguramente faz parte da lista dos maiores pianistas de blues de todos os tempos. Um artista incrivelmente produtivo, que trouxe um ar de sofisticação urbana às mais de 500 gravações. E foi inteligente o suficiente para seguir o conselho do guitarrista Big Bill Broonzy sobre o desenvolvimento de um estilo próprio em vez de imitar o ídolo, o pianista Roosevelt Sykes. Em pouco tempo, outros estavam copiando o seu estilo e sua voz trovejante que possuía uma autoridade de comando, o distinguia da maioria de seus contemporâneos. Como convém ao seu nome artístico, Memphis Slim nasceu e cresceu em Memphis, um ótimo lugar para se comprometer com uma carreira de bluesman. Em algum momento no final dos anos 30, ele foi para Chicago e começou a gravar em 1939, como líder de bandas para a ‘OKeh Records’, e no ano seguinte para a ‘Bluebird Records’. Na mesma época, Slim juntou-se a Broonzy, e transformaram-se na força dominante da cena do blues local. Depois de, por alguns anos, servir como acompanhante de valor inestimável para Broonzy, Slim emergiu como artista independente, em 1944. Após o término da Segunda Guerra Mundial, liderou uma série de bandas de ‘jump blues’, um blues tocado em andamento acelerado, normalmente desempenhado por pequenos grupos e apresentando metais. Em 1945, Slim gravou com trios. Depois introduziu saxofone alto, sax tenor, piano, cordas e baixo, Willie Dixon tocou o instrumento na primeira sessão, e Slim assinou com o selo ‘Miracle’ em 1946, com a sua banda que ficou conhecida como ‘Memphis Slim and His House Rockers’. E Slim gravou as clássicas ‘Lend Me Your Love’ e ‘Rockin' the House’. A originalmente intitulada ‘Nobody Loves Me’ tornou-se famosa como ‘Every Day I Have the Blues’ e foi gravada em 1950 por Lowell Fulson e, posteriormente, por uma série de artistas.

Em 1947, um dia após o concerto de Slim, Broonzy e Williamson em Nova York, o folclorista Alan Lomax trouxe os três músicos para a Decca estúdios e gravou com Slim no vocal e piano. Em 1949, Slim expandiu o seu grupo para um quinteto, adicionando um baterista, e o grupo agora estava a maior parte de seu tempo em turnê. Em 1950, junta-se ao ‘House Rockers’ a vocalista de rhythm & blues, Terry Timmons. Entre 1952 e 1954, Slim fez parte de várias gravadoras, e foi um período particularmente fértil para o pianista. Ele recrutou, para o seu grupo, o seu primeiro guitarrista permanente, o estimável Matt ‘Guitar’ Murphy, que foi nada menos que espetacular com seus solos principalmente em ‘The Come Back’, ‘Sassy Mae’ e ‘Memphis Slim U.S.A.’. Slim exibiu sua personalidade perpetuamente independente, deixando os EUA, em 1962. A turnê pela Europa em parceria com o baixista Willie Dixon em 1960, tinha intrigado o pianista. E ele voltou em 1962 como um artista de destaque no primeiro da série de concertos do ‘American Folk Festival’ organizado por Dixon que trouxe para a Europa muitos notáveis do blues na década de 60 e 70. Nesse mesmo ano, Memphis Slim mudou-se definitivamente para Paris onde as possibilidades de gravação e turnê pareciam ilimitadas e o veterano pianista era tratado com respeito muitas vezes negado em seu próprio país. Ali, Slim permaneceu até a sua morte em 1988, desfrutando de sua estatura como realeza do blues. Nos últimos anos de sua vida, ele se juntou ao respeitado baterista de jazz, George Collier e excursionaram pela Europa juntos.

tommy mcclennanTommy McClennan (1908-1962) fez parte da última onda de guitarristas a gravar para as principais gravadoras em Chicago. Entre as vozes do blues são verdadeiramente assustadoras as de Howlin’ Wolf e de Charley Patton, que se tornou mais ainda depois de uma fracassada tentativa de homicídio que o deixou com a garganta cortada. Igualmente poderosa foi a voz encharcada de uísque de Tommy McClennan, cujo som áspero foi capaz de esconder o fato dele não ser um guitarrista realizado. McClennan foi contemporâneo dos guitarristas Big Bill Broonzy e Edwards Honeyboy, e foi lembrado em cada uma das respectivas biografias. Ele deixou um legado poderoso que incluía ‘Bottle It up and Go’, ‘Cross Cut Saw Blues’, ‘Deep Blue Sea Blues’ e ‘Catfish Blues’. Sua energia é evidenciada através de seu repertório e gravações pela ‘Bluebird Records’ no período de 1941 e 1942. Ele talvez tenha sido o último a gravar para Lester Melrose da ‘Bluebird Records’. McClennan não gravou novamente e morreu na miséria em Chicago. Tommy McClennan nasceu perto de Yazoo City, Mississippi, e enquanto crescia, influenciado pelos mestres do Delta, ele aprendeu sozinho a tocar guitarra. Na adolescência começou a se apresentar nas ruas por centavos, enquanto trabalhava nos campos de algodão durante o dia. Foi durante este tempo que o jovem Edwards Honeyboy estava aprendendo guitarra, e começou a seguir McClennan. McClennan era um homem pequeno, um tamanho que definitivamente desmentia a voz poderosa que possuía. Honeyboy afirma que Tommy foi incapaz de encontrar um chapéu que coubesse em sua cabeça devido ao seu tamanho, a maioria dos quais cobriam as suas orelhas. Ao longo de sua vida, ele também foi um homem doente, sofreu de tuberculose, e foi definitivamente atormentado pelo alcoolismo crônico. Tommy McClennan encontrou um grande sucesso com jukeboxes no Sul, marcando hits com ‘Cotton Patch Blues’, ‘Cross Cut Saw Blues’, ‘Whisky Head Woman’ e ‘Deep Sea Blues. Mas, o gosto musical começou a mudar e a Segunda Guerra Mundial trouxe restrições. Neste ponto, Lester Melrose decidiu liberar McClennan de seus serviços, citando a sua falta de confiabilidade devido ao alcoolismo.

Elmore James, Sonny Boy Williamson II,  Tommy McClennan, Little Walter em Chicago (1953)

Elmore James, Sonny Boy Williamson II,
Tommy McClennan, Little Walter em Chicago (1953)

McClennan desapareceu da atenção do público logo depois, apresentando-se aqui e ali em algum clube de Chicago. Honeyboy Edwards recordaria mais tarde em sua biografia que esteve com McClennan novamente, em 1962. Vivendo como indigente em um reboque de caminhão que ele havia convertido em uma casa improvisada. Edwards tentou trazer McClennan de volta ao palco. Seu modo de tocar a guitarra não existia mais, mas sua poderosa voz permaneceu. E o desejo constante pelo álcool não tinha diminuído e, finalmente, trouxe um fim a essa segunda oportunidade. Ele voltou para a vida de indigente e pouco depois ficou doente e foi hospitalizado. McClennan morreu sozinho e sem dinheiro em 1962, e é agora considerado como um dos mais interessantes e importantes de seu período, ao lado das lendas reconhecidas, Son House, Robert Johnson e Charley Patton. A sua ‘Bottle It Up And Go’ também continua sendo um dos verdadeiros clássicos do blues e gravada muitas vezes por vários artistas. ‘Cross Cut Saw Blues’ foi influente para o lendário guitarrista Albert King, assim como a sua ‘New Highway 51’ foi para um jovem Bob Dylan.


Tracklist
01. Memphis Slim - Really Got the Blues
02. Memphis Slim - Mother Earth
03. Memphis Slim - I Guess I'm a Fool
04. Memphis Slim - Havin' Fun
05. Memphis Slim - Marack
06. Memphis Slim - Tia Juana
07. Memphis Slim - Reverend Bounce
08. Memphis Slim - I'm Crying
09. Memphis Slim - Blues for My Baby
10. Memphis Slim - Slim's Blues
11. Tommy McClennan - Baby, Don't You Want to Go
12. Tommy McClennan - You Can't Mistreat Me
13. Tommy McClennan - Shake 'em On Down
14. Tommy McClennan - Bottle It Up and Go
15. Tommy McClennan - Brown Skin Girl
16. Tommy McClennan - I'm Going Don't You Know
17. Tommy McClennan - My Baby's Gone
18. Tommy McClennan - Whiskey Headed Woman
19. Tommy McClennan - It's Hard to Be Lonesome
20. Tommy McClennan - Highway 51



memphis slim and his house rockers
com a vocalista terry timmons

ABC of the blues volume 32
parte I    parte II



publicado por mara* às 16:02 | link do post