all that jazz
Em ‘All That Jazz’ (no Brasil traduzido para ‘O Show Deve Continuar’) o dançarino, escritor, diretor e coreógrafo estadunidense Robert Louis Fosse, nascido em Chicago numa família norueguesa, tem a coragem de se mostrar um viciado, mulherengo, perfeccionista e um cretino manipulador. As seqüências de danças são fabulosas, a coreografia de Bob Fosse é simplesmente magnífica e tanto Jessica Lange, uma das minhas favoritas, quanto Roy Scheider estão perfeitos. O filme apresenta uma série de momentos inesquecíveis e tecnicamente é maravilhoso. Bob Fosse dirigiu apenas cinco filmes e cada um deles é um clássico. O musical-autobiográfico ‘All That Jazz’, uma revitalização de um gênero essencialmente americano, o musical, foi premiado em cenografia, figurino, montagem e trilha sonora adaptada por Ralph Burns, pianista, maestro e compositor de jazz nascido em Massachusetts. Bob Fosse disse de si mesmo numa entrevista: ‘Meus amigos sabem que para mim a felicidade é quando estou miserável e não suicida’. Alguns dizem que as danças de Michael Jackson foram copiadas de filmes de Fosse. Para muitos ele foi o inventor do ‘casting couch’, um termo que envolve a troca de favores sexuais por atrizes aspirantes ou para progressão na carreira. Originado na indústria cinematográfica, o termo agora é frequentemente usado em referência a outras indústrias, além de entretenimento. Ralph Burns admitiu que aprendeu mais sobre o jazz por transcrever as obras de Count Basie, Benny Goodman e Duke Ellington. Em 1971, ele compôs a trilha sonora para ‘Bananas’ de Woody Allen. Em 1972 recebeu um Oscar por ‘Cabaret’ dirigido por Bob Fosse. Depois veio ‘Lenny’ em 1974, que conta a história da vida do comediante Lenny Bruce. A colaboração entre Ralph Burns e Bob Fosse continuou em ‘All That Jazz’ (1979), e Star 80 (1983). Em 1989, o último trabalho do compositor de jazz foi no filme de animação ‘All Dogs Go To Heaven’ (1989), no Brasil ‘Todos os Cães Merecem o Céu’ de Don Bluth. ‘It's show time folks!’. Esta é a primeira frase que o protagonista de 'All That Jazz', Joe Gideon, diz antes de sair de casa pela manhã. E Joe Gideon não é ninguém além do próprio diretor do filme, Bob Fosse, interpretado pelo ator Roy Scheider. Bob Fosse, pouco reconhecido no meio cinematográfico, mas de importância considerável para a dança e o teatro musical do final do século XX, começou sua carreira artística muito cedo e desde os 13 anos já se apresentava com um pequeno grupo de dança. Coreografou e atuou em vários filmes musicais e criou versões de filmes para o palco. Embora ‘All That Jazz’ seja classificado como musical, como todos os filmes dirigidos por Fosse, apresenta forte crítica ao mundo da mídia e do entretenimento norte-americano, sugerindo uma reflexão. Na maioria dos típicos musicais hollywoodianos, de ‘The Jazz Singer’ a ‘Chorus Line’, o eixo principal da ação não é a narrativa ou a linguagem cinematográficas, mas a dança. Em ‘All That Jazz', Bob Fosse consegue realizar um musical realmente cinematográfico. Os temas abordados são muito pertinentes e as cenas de dança, além de excelentes, se encaixam perfeitamente no roteiro.
Curiosidades sobre Bob Fosse e Ralph Burns
O filme começa com um toca-fitas sendo ligado. É anunciado, assim, o início. O início de mais um dia na vida do personagem Joe Gideon. Ele liga o toca-fitas, pinga colírio nos olhos, toma alguns comprimidos de dexedrina, entra no banho, se olha no espelho e diz: ‘It's show time folks!’. Na primeira vez que esta seqüência é mostrada no filme, é intercalada com uma cena de Joe andando numa corda bamba, num lugar escuro que parece um circo. De longe, uma mulher toda de branco (Jessica Lange) conversa com ele. Esta mulher de fisionomia angelical, com um véu e um vestido branco, neste ambiente escuro e onírico, aparece durante o filme inteiro e percebe-se que Joe está falando sobre os acontecimentos de sua vida para ela. Depois, Joe está numa sala de projeção vendo um filme por ele dirigido sobre um pop-star. Ele fala sobre vida e morte, temas principais de ‘All That Jazz’. Outro tema é a fama e a indústria cinematográfica, descrita por Joe como uma indústria muito estranha.
Em ‘All That Jazz', Bob Fosse, vivo, mostra sua morte. E esta não é uma morte qualquer, mas uma cena de um musical muito alegre. O espectador penetra na alma do personagem principal, um diretor que vive cercado de produtores, aspirantes a atores, críticos, e amantes. E além de tudo isso têm o passado se cruzando com o presente. O presente seria a corda bamba sobre a qual está Joe à beira da morte. A conversa de Joe com a mulher angelical naquele ambiente onírico se passa no limiar entre a vida e a morte. A morte e o mundo do espetáculo, que, de certa maneira estão fortemente interligados são os dois principais temas abordados e analisados por Bob Fosse. A idéia central de ‘All That Jazz’ é a idéia de que vivemos no mundo do espetáculo. Tudo é espetáculo. Até a própria morte. (sinopse por patricia alegre)