gentle giant

gentle giant‘Gentle Giant’ foi uma banda britânica e ocupa um lugar digno entre os grupos progressistas importantes do início dos anos setenta, no entanto, o grupo nunca fez muito sucesso. Formada no início da era do rock progressivo em 1969, a banda parecia pronta para sair do seu estatus de banda cult, mas nunca deu o salto. Sua multiplicidade de estilos musicais é quase impossível de categorizar: jazz parece ser a mais óbvia influência. Uma mistura única de hard rock e blues, música clássica e jazz aos madrigais renascentistas. Além de incluírem passagens curtas e longas de folk, punk dos estágios finais ou pop com órgão de igreja parecia ser esse o caminho normal para o grupo. Um pouco mais para ‘Yes’ e ‘King Crimson’ do que para ‘Emerson, Lake & Palmer’. As canções são ritmicamente complexas, as letras ricas e inteligentes. Eram conhecidos por seu inédito multi-instrumentalismo, os integrantes se alternavam o tempo todos entre os diversos instrumentos. ‘Gentle Giant’ é uma banda única. Isso, talvez explique porque nunca conseguiu grande avanço comercial como ‘Yes’ e ‘Emerson, Lake & Palmer’ ou que muitos fãs de rock progressivo não são conscientes de sua existência e importância. A ‘Rolling Stone’, nem sequer se preocupou em incluir ‘Gentle Giant’ em sua lista de intérpretes. Ironicamente, no final dos anos 70, a banda escolheu um caminho mais pop, e por isso, seus álbuns mais recentes são frequentemente odiados, mesmo sendo esses álbuns, infinitamente melhores do que os produtos similares do grupo ‘Genesis’ por exemplo.

‘Gentle Giant’ nasceu das ruínas de ‘Simon Dupree & the Big Sound’ liderada pelos irmãos Derek, Ray e Phil Shulman. E como ‘Gentle Giant’ o grupo abandonou as orientações R&B e psicodélicas da banda anterior; Derek cantava e tocava guitarra e baixo, Ray cantava e tocava baixo e violino, e Phil o saxofone, acompanhados por Kerry Minnear nos teclados e Gary Green na guitarra. Sua formação original também contou com Martin Smith na bateria, mas nos primeiros anos houve uma troca constante de bateristas. Em 1970, o grupo assinou com a gravadora 'Vertigo', e lançou o seu primeiro álbum auto-intitulado, uma obra espantosamente ousada que misturava hard rock e elementos clássicos, famoso pela capa e pelo rosto do gigante, marca até hoje do grupo. O disco rendeu boas críticas e o estilo parecia um pouco com o ‘King Crimson’ de Robert Fripp, mas não tão poderoso. O segundo, ‘Acquiring The Taste’, foi um pouco mais acessível e depois de uma turnê ao lado do ‘Jethro Tull’ lançam o terceiro ‘Three Friends’, com Malcolm Mortimore na bateria, e o primeiro disco lançado nos EUA. Seu quarto álbum, ‘Octopus’, parecia que levaria o grupo ao sucesso, eles haviam encontrado a mistura ideal de hard rock e sons clássicos que os críticos e o público poderiam aceitar, e eles finalmente tiveram um baterista fixo, John Weathers.

gentle giant

Derek Shulman, Ray Shulman, Gary Green, John Weathers e Kerry Minnear

Em 1973, no entanto, ‘Gentle Giant’ começou a desmoronar. Phil Shulman decidiu desistir da música depois da turnê do álbum ‘Octopus’, e tornou-se um professor. Em seguida, o grupo gravou o álbum ‘In a Glass House’ que enfrentou problemas na América, já que a gravadora considerava o disco anti-comercial. O disco realmente não foi lançado nos Estados Unidos, e teve que ser importado pelos fãs. ‘Free Hand’, mais comercial, apesar dos tantos problemas com empresários e gravadoras era um disco otimista e fez um grande sucesso, que acabou resultando em uma imensa excursão mundial. Com uma produção cuidadosa, o grupo lançou ‘Interview’ e saíram em excursão que renderia um novo disco, o ótimo ‘Playing The Fool: The Official Live’. Mas, apesar do auge técnico, no final da década sua popularidade estava em queda livre, uma nova geração surgia, a dos punks, que odiavam não apenas os ‘Gentle Giant’, mas todas as bandas do rock progressivo e do hard rock. Começaram a ser desprezados e havia a pressão para serem comercialmente viáveis. E gravaram ‘Giant For A Day’, o pior disco da banda que quase destruiu toda a reputação do grupo. A sensação era de derrota. Ainda gravaram mais um disco, ‘Civilian’, antes de Kerry Minnear, que desempenhava um papel cada vez mais importante desde meados dos anos 70, deixar a banda em 1980. Ray Shulman mais tarde se tornou um produtor e teve um sucesso considerável na Inglaterra, trabalhando com o grupo islandês ‘Sugarcubes’ que revelou a exótica Björk. Enquanto Derek Shulman tornou-se um executivo em Nova York. ‘Gentle Giant’ foi mais uma banda que sucumbiu às pressões das gravadoras.

gentle giant - black cat


‘Gentle Giant’ é o auto-intitulado álbum de estréia. Nele é explorado vários estilos, desde o jazz ao blues rock, passando pelo hard rock e puro rock progressivo com toques medievais. É uma estranha e deliciosa miscelânea de idéias. Algumas canções soam quase exatamente como o inicio de King Crimson, é o caso de ‘Alucard’. ‘Funny Ways’, toda encharcada de violões e violoncelos é um dos destaques do álbum. É um casamento perfeito das ambições progressivas com influência pop.

O segundo álbum ‘Acquiring the Taste’ se afasta um pouco do blues e do jazz, há mais espaço para experimentações e variação maior nos instrumentos, sendo que os integrantes tocam mais de 30 no total. Um grande avanço da banda com um som mais unificado e elegante musicalidade, misturando hard rock e cantos gregorianos. ‘Pantagruel’s Nativity’ é um épico medieval majestoso. ‘Black Cat’ acaricia o pop-jazz. Um álbum digno, com momentos inspirados.

gentle giant - gentle giant (1970)    gentle giant - acquiring the taste (1971)

Gentle Giant (1970)    |    Acquiring The Taste (1971)

Gentle Giant
01. Giant 02. Funny Ways 03. Alucard 04. Isn't It Quiet & Cold 05. Nothing At All 06. Why Not? 07. The Queen

Acquiring The Taste
01. Pantagruel’s Nativity 02. Edge Of Twilight 03. The House, The Street, The Room 04. Acquiring The Taste 05. Wreck 06. The Moon Is Down 07. Black Cat 08. Plain Truth

O terceiro álbum ‘Three Friends’ foi outro avanço, desta vez na direção de um som mais rock, principalmente as guitarras, o baixo e os teclados eletrônicos. O álbum quase sacrificou as intenções progressistas do grupo, no entanto, há alguns momentos mais suaves como em ‘Schooldays’, onde as harmonias e arranjos ainda tinham uma sensação medieval, e as melodias bastante envolventes. Neste álbum, ‘Gentle Giant’ decidiu que iria expandir seus horizontes conceituais e acabou escrevendo quase uma ópera-rock.

‘Octopus’ marcou a mudança na bateria de Malcolm Mortimore para John Weathers. Para muitos foi provavelmente o melhor álbum da banda, com exceção, talvez de ‘Acquiring the Taste’. Um dos destaques é a intrincada ‘Knots’, inspirada na obra de Ronald David Laing, psiquiatra escocês que escreveu extensamente sobre doenças mentais, em particular, as psicoses.

gentle giant - three friends (1972)    gentle giant - octopus (1974)

Three Friends (1972)    |    Octopus (1972)

Three Friends
01. Prologue 02. Schooldays 03. Working All Day 04. Peel The Paint 05. Mister Class And Quality? 06. Three Friends

Octopus
01. The Advent Of Panurge 02. Raconteur Troubadour 03. A Cry For Everyone 04. Knots 05. The Boys In The Band 06. Dog's Life 07. Think Of Me With Kindness 08. River

A banda foi reduzida a um quinteto em ‘In a Glass House’ com a saída do irmão mais velho Phil Shulman, e mesmo sem a presença de seu saxofone, o som não foi alterado. Há o rock e todos os tipos de pequenas experiências com instrumentos de percussão em ‘An Inmate's Lullaby’, assim como a música medieval em ‘Way of Life’ num estilo novo. A banda volta ao conceitualismo, o álbum inteiro é dedicado à idéia de que você não deve atirar pedras ao viver em uma casa de vidro. As letras do álbum são na maior parte pessimistas, condenando tanto a sociedade em 'The Runaway’ quanto o indivíduo que vive nessa sociedade em ‘Experience’. O álbum apresenta indiscutivelmente o melhor conjunto de letras da banda e, no geral, é um bocado triste. Começa de forma brilhante, com o som de vidro quebrando, que se transforma em um padrão rítmico, que sem dúvida, lembra o toque de caixa de ‘Pink Floyd’ em 'Money'.

Depois do excelente ‘In a Glass House’ o grupo desenvolveu ainda mais a sua abordagem renascentista medieval em ‘Free Hand’, produzindo uma das gravações mais criativas e complexas da história do rock progressivo. Sua abordagem vocal em ‘On Reflection’ foi revolucionária para a época e é encarada como um dos momentos de definição do gênero. A maioria do material no ‘Free Hand’ pode ser chamado de tudo menos ‘pop de vanguarda’, isto é, as canções são bastante complexas, mas apesar da complexidade dos arranjos, a música não soa acadêmica, é acessível. A combinação de uma musicalidade fantástica e composições criativas tornam este álbum essencial e histórico.

gentle giant - in a glass house (1973)    gentle giant - free hand (1975)

In a Glass House (1973)    |    Free Hand (1975)

In a Glass House
01. The Runaway 02. An Inmate’s Lullaby 03. Way Of Life 04. Experience 05. A Reunion 06. In A Glass House

Free Hand
01. Just The Same 02. On Reflection 03. Free Hand 04. Time To Kill 05. His Last Voyage 06. Talybont 07. Mobile

‘Playing The Fool’ foi gravado na turnê européia de 1976, o repertório inclui várias músicas que estão fora de seus primeiros álbuns, incluindo os não lançados nos EUA.

gentle giant - playing the fool (1976)

Playing The Fool (1976)

Playing The Fool
01. Introduction 02. Just The Same 03. Proclamation 04. Valedictory 05. On Reflection (Rearranged) 06. The Boys In The Band 07. Funny Ways 08. The Runaway 09. Experience 10. So Sincere 11. Drum And Percussion Bash 12. Free Hand 13. Sweet Georgia Brown 14. Peel The Paint 15. I Lost My Head

publicado por mara* às 08:55 | link do post